terça-feira, 30 de setembro de 2014

Voto responsável: o exercício da cidadania.

Somos herdeiros de uma cultura extrativista. Nossos colonizadores vieram para o Brasil com a intenção de explorar as riquezas desta terra e não de construir aqui uma Pátria. Rui Barbosa, o grande tribuno brasileiro, alertou para o perigo das ratazanas que mordem sem piedade o erário público, perdendo a capacidade de se envergonhar com isso. Muitos políticos capitulam-se a esquemas de corrupção e enriquecimento ilícito, assaltando os cofres públicos e deixando um rombo criminoso nas verbas destinadas a atender as urgentes necessidades sociais. As campanhas milionárias já acenam e pavimentam o caminho da corrupção. A consequência inevitável desta sombria realidade é a profunda decepção com a maioria dos políticos que faz promessas demagogas em tempos de campanha, mas se esquece do povo ao longo de seus mandatos.

O resultado da corrupção e da administração pública perdulária é que apesar de sermos a sétima economia do mundo, temos um povo sofrido, com quarenta milhões de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza. Temos no Brasil uma das mais injustas e perversas distribuições de renda do planeta ao mesmo tempo que temos uma das mais altas cargas tributárias do mundo. O nosso problema não é falta de riqueza, mas falta de justiça. A igualdade dos direitos está apenas no papel da nossa lei magna, mas não na prática dessa lei.

Está chegando a hora de exercemos o nosso sagrado direito de escolher os nossos representantes. Votar é delegar a alguém o direito legítimo de nos representar. Mas, como escolher com responsabilidade? Qual é o perfil de um candidato digno do nosso voto?

Em primeiro lugar, é alguém que tem vocação política. O reformador João Calvino disse que “não se deve pôr em dúvida que o poder civil é uma vocação, não somente santa e legítima diante de Deus, mas também mui sacrossanta e honrosa entre todas as vocações”. A Bíblia diz que a autoridade constituída procede de Deus e é ministro de Deus para promover o bem e coibir o mal. Nenhum candidato deveria merecer o nosso voto sem que primeiro apresente evidências da sua vocação política.

Em segundo lugar, é alguém que tem preparo intelectual e sabedoria. Um candidato digno do nosso voto precisa ser preparado intelectualmente. Precisa ter independência para pensar, avaliar e decidir. Precisa conhecer as leis, os trâmites, os meandros do poder, as potencialidades da nação, as necessidades do povo, as prioridades sociais. Um político preparado não pode ser um refém nas mãos dos espertalhões. Não basta, entretanto, ter apenas conhecimento, é preciso também ter sabedoria. Sabedoria é usar o conhecimento para o bem e não para o mal. Sabedoria é tomar decisões compatíveis com os princípios e os valores absolutos estabelecidos pelo próprio Deus em favor do povo.

Em terceiro lugar, é alguém que tem um caráter incorruptível. Temos assistido, com espanto, o naufrágio moral de muitos caciques da política brasileira. Não poucos sucumbem diante do suborno e vendem sua consciência e a própria honra da nação. Há aqueles que são verdadeiros dráculas, deixando a nação anêmica, empanturrando-se do sangue daqueles que lutam bravamente para sobreviver. Se quisermos conhecer um bom político, precisamos examinar o seu passado. O político digno do nosso voto é aquele que ama mais o povo do que a si mesmo, que pensa mais no bem do povo do que no seu próprio bem-estar. É alguém movido pelo combustível do idealismo e do altruísmo e não pelo veneno da ganância insaciável.

Em quarto lugar, é alguém capaz de vislumbrar soluções para problemas aparentemente insolúveis. O verdadeiro político é uma pessoa de visão. Enxerga os vastos horizontes por sobre os ombros dos gigantes. Discerne o seu tempo, vislumbra o futuro e o traz para o presente, deixando sua marca na história. Constrói pontes para o futuro e antecipa soluções. O líder é alguém que abre caminhos para a solução de problemas aparentemente insolúveis. Nestas próximas eleições precisamos adotar três atitudes. Primeiro, devemos escolher os nossos representantes pela têmpera de seu caráter, pela história de sua vida e de suas lutas e não pela demagogia de suas promessas. Segundo, devemos fiscalizar os atos daqueles que foram eleitos. Terceiro, devemos orar a Deus pelos eleitos para que sejam íntegros e fiéis no exercício do seu mandato.

(Hernandes Dias Lopes)

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Perdão: cura e restauração de relacionamentos familiares

Referência: Mt 18.23-35, Lc 17.3-6, Cl 3.12-14

INTRODUÇÃO

1. C. S. Lewis disse que é mais fácil falar sobre perdão do que perdoar. É fácil falar sobre perdão até ter alguém para perdoar. Amar a todos é fácil, o desafio é amar quem nos persegue. Alguém disse: “Eu amo a humanidade, o que eu não tolero são as pessoas”.

2. Isso é um fato: decepcionamos as pessoas e as pessoas nos decepcionam. As pessoas são ladrões da nossa alegria. Sofremos mais por causa das pessoas do que pelas circunstâncias adversas. Exemplo: a mulher que foi abusada sexualmente pelo pai.

3. Vivemos num mundo ferido, doente e cheio de mágoas: entre as nações, entre tribos, entre famílias. Hoje, o divórcio já atinge 50% dos casamentos. O divórcio é fruto da dureza de coração, ou seja, incapacidade de perdoar.

4. O pecado mais presente na igreja é o pecado da mágoa. Exemplos: a mulher da igreja de São Paulo e o pastor da igreja de Toronto.

5. Quem não perdoa adoece. O drama que vivi em 1982 com o assassinato do Hermes.

I. POR QUE DEVEMOS PERDOAR?

1. Porque faz parte da natureza do povo de Deus perdoar – Cl 3:13

Ser cristão é ter uma nova natureza, uma nova mente, um novo coração, uma nova vida. Quem não perdoa é porque ainda não pertence a família de Deus.

2. Porque temos queixas uns contra os outros – Cl 3:13

Ainda não chegamos ao céu. Aqui temos falhamos uns com os outros e precisamos exercitar perdão.

3. Porque temos sido muito perdoados – Cl 3:13

A igreja é a comunidade dos perdoados. Como Deus nos perdoou: Completamente (de tudo), eternamente (para sempre). Deus apagou, afastou, desfez, esqueceu, sepultou do fundo do mar os nossos pecados.

Jesus ilustrou esse perdão na parábola do credor incompassivo. Comparar os 10.000 talentos com 100 denários.

4. Porque a recusa de perdoar traz sérios prejuízos

4.1. Quem não perdoa não pode orar – Mc 11:25; 1 Pe 3:7

4.2. Quem não perdoa não pode adorar – Mt 5:23-24

4.3. Quem não perdoa não pode ser perdoado – Mt 6:12

4.4. Quem não perdoa adoece – Tg 5:16

4.5. Quem não perdoa é flagelado pelos verdugos – Mt 18:34; 2 Co 2:10

II. A TERAPIA DO PERDÃO

1. Há pessoas doentes emocionalmente porque nunca se perdoaram – Fp 3:13

A mulher que viveu 60 anos do cativeiro.

Paulo teve suas memórias curadas.

Doralice – a jovem que tomou soda cáustica

2. Há pessoas doentes porque vivem cativas da mágoa –

A enfermeira de Patrocínio

No dia 7 de dezembro de 1941 Mitsuo Fuchida comandou o ataque à frota americana no Porto Pearl Harbour. Jack de Shaze se dispôs a vingar. Foi preso em Tóquio. Torturado. Converteu-se. Voltou aos Estados Unidos. Preparou-se e voltou para o Japão como missionário. Encontrou Fuchida e o evangelizou. Ambos pregaram em praça pública no Japão. O poder do perdão que reconcilia.

III. OS PRINCÍPIOS DO PERDÃO

1. Cautela – Lc 17:3

Precisamos ter cautela para não sermos injustos e esmagarmos a cana quebrada.

A mulher adúltera foi apanhada pelos fariseus como um objeto, mas foi tratada por Jesus como uma pessoa que merecia seu amor.

Jesus restaurou Pedro não condenando-o ou expondo-o ao ridículo, mas perguntando-o: tu me amas?

2. Confrontação – Lc 17:3

O tempo não é um santo remédio para curar as feridas – Os irmãos de José depois de 22 anos ainda estavam atormentados pelo pecado cometido.

O silêncio não é a voz do perdão – Davi adulterou, tramou, matou, mentiu e silenciou o seu pecado, mas o silêncio o adoeceu. Enquanto não confessou não foi liberto. Sepultar um problema vivo não ajuda. Não adianta tentar afastar a culpa. É preciso arrancar o problema pela raiz. Paulo alertou para o perigo de deixar o sol se pôr sobre a ira.

O confronto precisa ser feito com atitude de amor – A palavra “repreende” é chamar ao lado para consolar. Gálatas 6:1 mostra como devemos confrontar uns aos outros.

3. Arrependimento – Lc 17:3

A mesma língua que feriu, deve passar o bálsamo de Gileade. O arrependimento é mudança de mente, de emoção e de atitude.

4. Perdão – Lc 17:3

Perdoar é esquecer e esquecer não é amnésia, mas não cobrar mais a dívida do outro. É não lançar mais no rosto do outro o que se perdoou.

Perdoar é ficar livre e deixar o outro livre – Exemplo: Corrie Ten Boon.

IV. OS CARACTERES DO PERDÃO

1. O perdão deve ser ilimitado – Lc 17:4

O perdão de Deus é nosso limite. Ele é obra da graça de Deus em nós. Pedro certa feita ficou intrigado não sobre a necessidade do perdão, mas sobre o limite do perdão. E Jesus mostrou que o perdão deve ser ilimitado, como o perdão que recebemos de Deus (Mt 18:21).

O perdão de Deus é o nosso referencial – “Perdoa-nos as nossas dívidas assim como perdoamos os nossos devedores” (Mt 6:12). O profeta Oséias demonstrou o amor e o perdão de Deus ao povo de Israel perdoando sua esposa Gômer.

2. O perdão é restaurador – Lc 17:4

O perdão às vezes é unilateral – A pessoa quer o nosso perdão. Então, nós tiramos a farpa da mágoa do nosso coração e não nos deixamos azedar.

O perdão restaura os laços quebrados – O perdão não apenas zera as contas do passado, mas restaura plenamente o relacionamento no presente – Exemplo: O filho pródigo foi restaurado pelo pai.

3. O perdão é transcendente – Lc 17:5

Só o Senhor pode nos capacitar a perdoar – Só Jesus pode curar o nosso coração da mágoa.

Precisamos pedir a Jesus que aumente a nossa fé – Uma pessoa que tem uma fé trôpega não consegue perdoar. A fé vem pelo ouvir a Palavra.

Todos nós estamos aquém do padrão de Deus – “Senhor, aumenta-nos a fé”.

V. O PROCESSO DO PERDÃO

1. Rejeite idéias de desforra – Rm 12:17,21

Jesus não revidou ultraje com ultraje (I Pe 2:21-23; Is 53:7).

José do Egito – Gn 50:20

2. Tome a iniciativa para a solução do problema

Não importa se você é o ofensor ou o ofendido, cabe-lhe a iniciativa de desencadear o processo da cura pelo perdão (Mt 5:23-24).

A experiência de Jonathan Gofforth em Xangai e o avivemento chinês.

3. Evite as desculpas e racionalizações

a) Ninguém é perfeito, errar é humano – É justamente porque somos imperfeitos é que precisamos pedir perdão.

b) A ofensa foi tão pequena – Os grandes problemas conjugais são formados de pequenos problemas não resolvidos. São as rapozinhas que devastam a vinha.

c) Aconteceu há tanto tempo – O tempo não cura memórias amargas – Esaú e Jacó – depois de 20 anos a consciência de Jacó ainda estava pesada.

d) A outra pessoa estava mais errada do que eu – O perdão concentra-se no nosso erro e não no erro do outro.

e) Eu estava errado, mas você também estava – O mais provável é que vez de curar a relação, ela fique ainda mais ferida.

f) A pessoa não vai me entender – Vai sim, se você for com a atitude correta e com as palavras certas. A palavra branda desvia o furor.

g) Envolve dinheiro que eu não tenho – Perdão envolve restituição (Zaqueu).

h) A pessoa envolvida já mudou – Telefone, escreva, visite.

i) Vou deixar para depois – A procrastinação adoece ainda mais a relação.

j) Nunca mais farei isto: basta a minha disposição – Isso é meio arrependimento: O que encobre as suas transgressões jamais prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.

4. Formas erradas de pedir perdão

a) Desculpe-me qualquer coisa – Na prática esta expressão significa: “Não estou vendo nenhum problema, mas como você é uma pessoa cismada e rancorosa, resolvi perdão do que não fiz”.

b) Desculpe-me, foi sem querer – Se foi sem querer não carece de perdão, a menos que a outra pessoa tenha ficado magoada.

c) Eu estava errado, mas você também estava – A ideia básica de pedir perdão é um ato de contrição e arrependimento. Essa atitude reacende as paixões.

d) Se eu estava errado, desculpe-me – Essa atitude não tem convicção de pecado. Ela representa: “Eu sei que não estou errado. A dúvida é sua, não minha.”

CONCLUSÃO

1. Não envolva outras pessoas – Não transforme em fofoca aquilo que poderia ser um exercício de privacidade e perdão. Não jogue uma pessoa contra a outra. Espalhar contendas entre os irmãos é o pecado que Deus mais abomina.

2. Seja breve, claro. Não se justifique – Vá direto ao assunto. O filho pródigo ensaiou o seu pedido de perdão.

3. Não seja esnobe – Seja humilde. Não exalte suas virtudes.

4. Não exija justiça, exerça misericórdia – Perdão é um ato de graça. Sofra o dano. Estêvão orou: “Senhor Jesus, não lhes imputes este pecado”.

(Hernandes Dias Lopes)

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Ansiedade, uma ameaça a nossa vida

Referência: Lucas 12.22-34

INTRODUÇÃO

1. Você é uma pessoa ansiosa? A ansiedade tem tomado conta da sua vida nos últimos dias? Você é daquilo tipo de gente, que vive roendo as unhas? Antecipando os problemas? Os problemas ainda estão longe e você pensa que eles estão batendo à sua porta? Sofrendo antes dos problemas e até criando problemas? Você sofre pensando no que vai comer, no que vai vestir? Onde vai morar? Onde vai trabalhar? Onde seu filho vai estudar? Como vai ser sua aposentadoria? E se você ficar doente? E se alguém da sua família morrer?

2. A ansiedade é o mal deste século. Atinge a homens e mulheres, jovens e velhos, doutores e analfabetos, religiosos e ateus. As pessoas andam com os nervos à flor da pele. São como um vulcão prestes e entrar em erupção. São como um barril de pólvora prontas para explodir.

3. Há várias causas de ansiedade:

a. Ameaça – Tem muita gente ansiosa pela ameaça de uma doença. Ficam ansiosas só em pensar em ficar doentes. Outras têm medo de morrer. Ficam perturbadas só em pensar em morrer. Um amigo meu chorava muito e eu lhe perguntei: Por que você está chorando? Eu tenho medo de perder minha mãe? Ela está doente? Não, mas eu choro só em pensar que um dia ela vai morrer. Outras sentem-se ameaçadas pelo medo da solidão. Outras sentem-se inseguras de perder o emprego.

b. Medo – O medo é mais do que um sentimento, é um espírito (2 Tm 1:7). Medo de não casar, medo casar e medo de divorciar; medo da vida e medo da morte; medo da solidão e medo da multidão; medo do hoje e medo do amanhã; medo do conhecido e medo do desconhecido.

4. Há vários efeitos da ansiedade:

a. Reações Físicas – Mais de 50% das doenças são psicossomáticas. As pessoas estão buscando uma paz química. Vivemos o hoje o império do calmantes. As pessoas dormem um sono artificial. A Bíblia diz que “o ânimo sereno é a vida do corpo” (Pv 14:30).

b. Reações Espirituais – A ansiedade nos afasta de Deus. Onde começa a ansiedade termina a fé. A ansiedade é o útero onde é gestada a incredulidade.

I. O QUE NÃO É ANSIEDADE?

1. Não é desprezar as necessidades do corpo – Jesus nos ensinou a orar: “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje”. Mas, o mundo está adotando um conceito reducionista, degrando o homem ao nível dos animais. Parece que o bem estar físico é o único objetivo da vida.

2. Não é proibir a previdência quanto ao futuro – A Bíblia aprova o trabalho previdente da formiga. Também os passarinhos fazem provisão para o futuro, construíndo ninhos e alimetando os filhotes. Muitos migram para climas mais quentes antes do inverno. O que Jesus proíbe não é a previdência, mas a preocupação ansiosa. O apóstolo Paulo aconselha: “Não andeis ansiosos de coisa alguma…” (Fp 4:6-7). O apóstolo Pedro exorta: “Lançai sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1 Pe 5:7).

3. Não é estar isento de ganhar a própria vida – Não podemos esperar o sustento de Deus assentados, de braços cruzados, dizendo preguiçosamente MEU PAI CELESTE PROVERÁ. Temos de trabalhar. Cristo usou o exemplo das aves e das plantas: ambos trabalham. Os pássaros buscam o alimento que Deus proveu na natureza. As plantas extraem do solo e do sol o seu sustento.

4. Não é estar isento de dificuldades – Estar livre de ansiedade e estar livre de dificuldades não é a mesma coisa. Embora Deus vista a erva do campo, não impede que ela seja cortada e queimada. Embora Deus nos alimente, ele não nos isenta de aflições e apertos, inclusive financeiros.

II. O QUE É ANSIEDADE?

1. A ansiedade é destrutiva –

A palavra ansiedade (v. 22) significa RASGAR. A palavra inquietação (v. 29) signica CONSTANTE SUSPENSE. Essas duas palavras eram usadas para descrever um navio surrado pelos ventos fortes e pelas ondas encapeladas de uma tempestade. A palavra ansiedade vem de uma velha palavra anglo-saxônica que significa ESTRANGULAR. Ela puxa em direção oposta. Gera uma esquizofrenia existencial. Corrie Ten Boon disse que a ansiedade não esvazia o amanhã do seu sofrimento, ela esvazia o hoje do seu poder.

Ansiedade é ser crucificado entre dois ladrões: 1) O ladrão do remorço em relação ao passado e 2) O ladrão da preocupação em relação ao futuro – O apóstolo Paulo venceu esses dois ladrões da alegria: “Esquecendo-me das coisa que para trás ficaram….Não andeis ansiosos de coisa alguma…”.

2. A ansiedade é enganadora -

A ansidade tem o poder de criar um problema que não existe – Muitas vezes sofremos não por um problema real, mas um problema fictício, gerado pela nossa própria mente perturbada. Os discípulos olharam para Jesus andando sobre as águas, vindo para socorrê-los e cheios de medo pensaram que ele era um fantasma.

A ansiedade tem o poder de aumentar os problemas e diminuir nossa capacidade de resolvê-los – Uma pessoa ansiosa olha para uma casa de cupim e pensa que está diante de uma montanha intransponível. As pessoas ansiosos são como os espias de Israel, só enxergam gigantes de dificuldades à sua frente e vêem a si mesmos como gafanhotos. Davi e os soldados de Saul. Todos vêem o gigante, Davi olha a vitória. Geazi olhou os inimigos e ficou com medo, Eliseu olhou com outros olhos.

A ansiedade tem o poder de tirar os nossos olhos de Deus e colocá-los nas circunstâncias – A ansiedade é um ato de incredulidade, de falta de confiança em Deus. Onde começa a ansiedade termina a fé.

A ansiedade tem o poder de tirar os nossos olhos da eternidade e colocá-los apenas nas coisas temporais – Uma pessoa ansiosa restringe a vida apenas ao corpo e às necessidades físicas. Jesus disse que aqueles que fazem provisão apenas para o corpo e não para a alma são loucos. John Rockefeller disse que o homem mais pobre é aquele que só tem dinheiro.

3. A ansiedade é inútil – v. 25

Côvado aqui não se refere a estatura (45 cm), mas prolongar a vida, dilatar a vida. A preocupação, segundo Jesus, ao invés de alongar a vida, pode muito bem encurtá-la. A ansiedade nos mata pouco a pouco. Ela rouba nossas forças, mata nossos sonhos, mina a nossa saúde, enfraquece a nossa fé, tira a nossa confiança em Deus e nos empurra para uma vida menos do que cristã.

Os hospitais e as sepultas estão cheios de pessoas ansiosas. A ansiedade mata! O sentido da palavra ansiedade é estrangular, é puxar em direções opostas. Quando estamos ansiosos teimamos em tomar as rédeas da nossa vida e tirá-las das mãos de Deus.

A ansiedade nos leva a perder a alegria do hoje por causa do medo do amanhã. As pessoas se preocupam com exames, emprego, casas, saúde, namoro, empreendimentos, dinheiro, casamento, investimentos… mas os temores e as preocupações muitas vezes jamais acontecerão. A ansiedade é incompatível com o bom senso. É uma perda de tempo. Precisamos viver um dia de cada vez. Devemos planejar o futuro, mas vivermos ansiosos por causa dele.

Preocupar com o amanhã não nos ajuda nem amanhã nem hoje. Se alguma coisa nos rouba as forças hoje, significa que vamos estar mais fracos amanhã. Significa que vamos sofrer desnecessariamente se o problema não chegar a acontecer e vamos sofrer duplamente se ele chegar.

4. A ansiedade é cega – v. 23

A ansiedade é uma falsa visão da vida, de si mesmo e de Deus. A ansiedade nos leva a crer que a vida é feita só daquilo que comemos e vestimos. Nós ficamos tão preocupados com os meios que nos esquecemos do fim da vida, que é glorificar a Deus.

A ansiedade não nos deixa ver a obra da providência de Deus na criação. Deus alimenta as aves do céu. Os corvos não semeiam, não colhem, não têm despensa (provisão para uma semana) nem celeiro (provisão para um ano).

Vejamos alguns dos argumentos de Jesus contra a ansiedade:

Do maior para o menor. Se Deus nos deu um corpo com vida e se o nosso corpo é mais do que o alimenta e as vestes, ele nos dará alimentos e vestes – v. 22-23 – Deus é o responsável pela nossa vida e pelo nosso corpo. Se Deus cuida do maior (nosso corpo), não podemos confiar nele para cuidar do menor (nosso alimento e nossas vestes?)

Do menor para o maior. As aves e as flores como exemplo – v. 24,27 – Martinho Lutero disse que Jesus está fazendo das aves nossos professores e mestres. O mais frágil pardal se transforma em teólogo e pregador para o mais sábio dos homens, dizendo: Eu prefiro estar na cozinha do Senhor. Ele fez todas as coisas. Ele sabe das minhas necessidades e me sustenta. Os lírios se vestem com maior glória que Salomão. Valemos mais que as aves e os lírios. Se Deus alimenta as aves e veste os lírios do campo, não cuidará ele de seus filhos? O problema não é o pequeno poder de Deus; o problema é a nossa pequena fé (v. 28).

5. A ansiedade é incrédula – v. 30

A ansiedade nos torna menos do que cristãos. Ela é incompatível com a fé cristã. Ela nos assemelha aos pagãos. A ansiedade não é cristã. Ela é gerada no ventre da incredulidade, ela é pecado.

Quando ficamos ansiosos com respeito ao que comer, ao que vestir e coisas semelhantes nós estamos vivendo num nível inferior aos dos animais e das plantas. Toda a natureza depende de Deus e Deus jamais falha. Somente os homens quando julgam depender do dinheiro se preocupam e o dinheiro sempre falha.

Como nós podemos encorajar as pessoas a colocarem a sua confiança em Deus com respeito ao céu, se nós não confiamos em Deus nem em relação às coisas da terra. Um crente ansioso é uma contradição. A ansiedade é o oposto da fé. É uma incoerência pregar a fé e viver a ansiedade.

Peter Marshall diz que as úlceras não deveriam se tornar o emblema da nossa fé. Mas geralmente, elas se tornam!

A ansiedade nos leva a perder o testemunho cristão. Jesus está dizendo que a ansiedade é característica dos gentios e dos pagãos, daqueles que não conhecem a Deus. Mas um filho de Deus, tem convicção do amor de Deus e do cuidado de Deus (Rm 8:31-32).

IV. COMO VENCER A ANSIEDADE

1. Saber que Deus é nosso Pai e ele conhece todas as nossas necessidades – v. 30

Vencemos a ansiedade quando confiamos em Deus (v. 28). A fé é o antídoto para a ansiedade. Deus nos conhece. Ele nos ama. Ele é o nosso Pai. Ele sabe do que temos necessidade. Se pedirmos um pão, ele não nos dará uma pedra; se pedirmos um peixe, ele não nos dará uma cobra. Nele vivemos e nele existimos. Ele é o Deus que nos criou. Ele é o Deus que nos mantém a vida. Ele nos protege, nos livra, nos guarda, nos sustenta.

O apóstolo nos ensinou a vencer a ansiedade orando a Deus (Fp 4:6-7). A ansiedade é um pensamento errado e um sentimento errado. Quando olhamos para a vida na perspectiva de Deus, a nossa mente é guardada pela paz de Deus. Quando alimentamos nossos sentimentos com a verdade de que Deus conhece as nossas necessidades e as supre, então a paz de Deus guarda o nosso coração.

A paz é uma sentinela que guarda a cidadela da nossa alma.

Saiba que o nosso Deus é o Jeová Roí, Jeová Jirá, Jeová Shalom, Jeová Shamá, Jeová Rafá, Jeová Nissi. Ele cuida de nós. Exemplo: George Muller e o orfanato sustentado pela fé.

2. Saber que Deus já se agradou em nos dar o seu Reino – v. 32

Devemos saber que Deus já nos deu coisas mais importantes do que bens materiais. Deus já nos deu tudo. Ele nos deu o seu Filho. Deu-nos a salvação. Deu-nos o seu Reino. Nós somos ovelhas do seu rebanho, filhos da sua família, servos do seu Reino. Se ele já nos deu o maior, não nos daria o menor. “Aquele que não poupou ao seu próprio Filho, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Rm 8:32).

Deus nos amou com amor eterno. Ele nos enviou seu Filho unigênito. Ele provou o seu amor por nós quando enviou o seu Filho para morrer em nosso lugar, para nos dar o Reino.

3. Saber que quando cuidamos das coisas de Deus, ele cuida das nossas necessidades – v. 31

Aqui temos uma ordem e uma promessa. A ordem é buscar o governo de Deus, a vontade de Deus, o reinado de Deus em nossos corações em primeiro lugar. Deus e não nós, deve ocupar o topo da nossa agenda. Os interesses de Deus e não os nossos devem ocupar a mente e o nosso coração. Somos desafios a buscar o governo e o domínio de Cristo em todas as áreas da nossa vida: casamento, lar, família, vida profissional, lazer.

A promessa é que quando cuidamos das coisas de Deus, ele cuida das nossas necessidades. “Todas as essas coisas vos serão acrescentadas”. Ele faz hora extra em favor dos seus filhos. Ele trabalha em favor daqueles que nele confiam.

4. Saber que devemos mudar o rumo dos nossos investimentos – v. 33-34

O nosso problema não é a busca do prazer, mas o contentamento com um prazer muito pequeno. Deus deve ser o nosso maior prazer. Nada menos do que Deus e seu Reino devem ocupar a nossa mente e o nosso coração. O nosso problema não é fazer investimentos, mas fazer investimentos errados. Somos desafiados a buscar uma riqueza que não perece. A ajuntar tesouros não na terra. A colocarmos nosso dinheiro, nossos bens, nossa vida a serviço de Deus e do seu Reino, em vez de vivermos ansiosos ajuntando tesouros para nós mesmos.

No Reino de Deus você tem o que você dá e perde o que você retém. No Reino de Deus há ricos pobres e pobres ricos. A grande questão é onde está o nosso tesouro. Se ele estiver nas coisas, então iremos fazer um investimento errado e vivermos ansiosos. Mas o nosso tesouro estiver no céu, no Reino de Deus, então, buscaremos esse Reino em primeiro lugar e viveremos livres de ansiedade para nos alegrarmos em Deus e deleitarmo-nos nele para sempre.

(Hernandes Dias Lopes)

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

A Missão continua... (por Missionário Luciano)

Graça e Paz queridos. Lembremos as palavras de Jesus em Marcos 16.15 "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura."
Em Atos 26.30-32, lemos: "A essa altura, levantou-se o rei, também o governador e Berenice, bem como os que estavam assentados com eles. E havendo se retirado, falavam uns com os outros dizendo: 'Esse homem nada tem feito passível de morte ou de prisão.' Então Agripa se dirigiu a Festo e disse: 'Este homem bem podia ser solto, se não tivesse apelado para César.'"

O Ministério tem fases, mas gostaria hoje de destacar apenas três fases:
●PERIGOS: Atos 27.9-10 diz que a navegação tornou-se perigosa. No Ministério, não tem lugar para quem gosta da zona de conforto.
●MOMENTOS QUE PARECEM QUE AS COISAS NÃO IRÃO MAIS ANDAR: Em Atos 28.11 diz que a viagem deu sequência após três meses de estacionamento na Ilha de Malta. No Ministério, não tem lugar para os afoitos.
●MOMENTO DE VITÓRIA: Em Atos 27.23-26, Paulo, da parte de Deus, por meio de um anjo, dá uma palavra de esperança aos navegantes. E em Atos 28.30-31 diz que, por dois anos, Paulo, gozando de total liberdade, pregava em sua residência que alugara, a todos que o procuravam.

Hoje a IPB em São Francisco do Guaporé completa dois anos de Organização Eclesiástica. E quero deixar aos amados a seguinte pergunta: O que você tem feito Igreja aniversariante para que mais pessoas conhençam a Deus? 
Quando você Igreja estiver perante Ele na eternidade e for questionada sobre as mudanças de atitude que as mensagens desse dia festivo lhe causaram, que resposta terá para dá-lo?

Que o Senhor abençoe a todos hoje e sempre.

A Verdade Cristã (por Missionário Luciano)

Em meio a um universo de filosofias e verdades, tem uma verdade que é a verdade maior: A PALAVRA DE DEUS. É dessa verdade que falaremos hoje.
Em Marcos 16.15, a Bíblia nos diz "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura." Em Mateus 28.19-20, Jesus diz "Ide portanto e fazei discípulos de todas as nações, ensinando-as a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado."
Avaliando as ordenanças do Senhor Jesus, podemos destacar três princípios:
●Amar a Deus sobre todas as coisas
●Amar pessoas mais do que amar coisas
●Amarmos uns aos outros - unidade cristã (como lemos na oração sacerdotal: "que eles sejam um, como nós somos um")
Mas o que é a verdade? Na oração sacerdotal, em João17.17, Jesus dá a resposta a essa pergunta: "santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade." Em I Timóteo 2.4 diz "que o bom Deus deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade."
Falar a verdade não é uma tarefa de facilidades.  A verdade tem três fases:
●Ridicularização
●Violenta Resistência
●Aceitação

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Por que os mansos são felizes?


Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.” (Mt 5.5)


         Esta bem-aventurança está na contra-mão dos valores do mundo – O mundo rejeita os valores do Reino de Deus. A humanidade pensa em termos de força, de poderio militar, bélico, econômico, político. Quanto mais agressivo, mais forte. Esse é o pensamento do mundo. Jesus, porém, diz que não são os fortes e os arrogantes que são felizes; nem são eles que vão herdar a terra, mas os mansos. Ser cristão é ser totalmente diferente. Somos uma nova criatura. Temos um novo nome, uma nova vida, uma nova mente, um novo Reino.
          O pregador frustra as expectativas do seu povo – Os judeus subjugados pelos romanos desde 63 a.C., esperavam um Messias político, guerreiro, que implantasse seu Reino pela força. Havia quatro grupos em Israel: 1) Os fariseus – eram os religiosos conservadores; eles queriam um Messias milagroso; 2) Os saduceus – eram os liberais; eles queriam um Messias materialista; 3) Os essênios – eram os místicos que viviam nas cavernas de Qumran, perto do Mar Morto; eles queriam um Messias monástico; 4) Os zelotes – eram os ativistas que queriam se insurgir contra Roma; eles queriam um Messias militar. Os próprios apóstolos pensaram num Reino político (At 1:6). Mas Jesus veio com outra proposta e o povo disse: Não queremos esse Messias. Fora com ele. Crucifica-o.
I. O QUE NÃO SIGNIFICA SER MANSO? 

1. Ser manso não é um atributo natural
A mansidão não é apenas uma boa índole, uma pessoa educada socialmente. Não apenas algo externo, convencional, mas uma atitude interna, uma obra da graça no coração, fruto do Espírito. Spurgeon dizia que “ser manso não é virtude, é graça”. Ninguém é naturalmente manso. Só aqueles que reconhecem que nada merecem diante de Deus e choram pelos seus próprios pecados, podem ser mansos diante de Deus e dos homens.
2. Ser manso não é ser mole ou ficar impassivo diante dos problemas
Ser manso não é ser tímido, covarde, medroso, fraco, indolente. As pessoas mansas foram profundamente vigorosas e enérgicas. Elas tiveram coragem para se posicionar com firmeza contra o erro. Elas enfrentaram açoites, prisões e a própria morte por seus posicionamentos. Os mártires foram pessoas mansas.
Jesus era manso e humilde de coração, mas ele usou o chicote para expulsar os vendilhões do templo e teve coragem para morrer numa cruz, em nosso lugar.
3. Ser manso não significa manter a paz a qualquer preço
Ser manso não é ser conivente, ficar em cima do muro, tentar agradar a gregos e troianos, ser neutro, viver sem cor, sem sal, sem sabor, sem opinião própria. Ser manso não é ser passivo, indeciso.
4. Ser manso não é apenas controle emocional externo
Há pessoas que conseguem manter a calma, o domínio próprio diante de situações adversas, mas não conseguem abrandar as chamas da alma. São como um vulcão que estão sempre em ebulição por dentro. Elas não explodem, mas vivem cheias de fogo por dentro. Elas são apenas aparentemente calmas. Elas mantém as aparências diante dos homens, mas não são calmas aos olhos de Deus. Elas não falam mal, mas desejam mal. Elas não fazem o mal, mas alegram-se intimamente com o fracasso dos seus inimigos.
II. O QUE SIGNIFICA SER MANSO? 

1. Uma pessoa mansa é submissa à vontade de Deus
Uma pessoa mansa não se rebela contra Deus, nem murmura. Ela aceita a vontade Deus de bom grado. Ela diz como Jó: “temos recebido o bem de Deus, porventura, não receberíamos também o mal?”.
Uma pessoa mansa é como Paulo, sabe viver contente em toda e qualquer situação. Ela dá sempre dando graças a Deus, sabendo que todas as coisas cooperam para o seu bem.
2. Uma pessoa mansa está debaixo do controle de Deus
O manso é aquele que foi domesticado. A palavra manso era empregada para descrever um animal domesticado. Um potro selvagem causa uma destruição. Um potro domado é útil. Uma brisa suave refresca e alivia. Um furacão mata. O manso morreu para si mesmo. Ele foi domesticado pelo Espírito. A mansidão é fruto do Espírito. Ele está sob autoridade e sob o controle. Ele obedece as rédeas.
O manso é aquele que tem a força sob controle. Ele tem domínio próprio. Mais forte é o que domina o seu espírito do que aquele que conquista uma cidade.
O manso é aquele que não reinvindica os seus próprios direitos. Jesus, sendo Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus.
O manso é aquele que está disposto a sofrer o dano. Como Paulo escreveu aos coríntios, numa demanda entre irmãos, ele está pronto a sofrer o dano em vez de buscar levar vantagem.
3. Uma pessoa mansa reconhece diante dos homens aquilo que ela reconhece diante de Deus
Não temos nenhuma dificuldade de fazermos uma oração de confissão e dizer: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, porque eu sou um mísero pecador!”. Nós admitimos isso. Confessamos isso. Mas se alguém vier nos chamar de pecador, nós logo rechaçamos. Não admitimos ser diante dos homens aquilo que admitimos ser diante de Deus. Não aceitamos que os homens nos tratem da mesma maneira que admitimos ser para Deus.
O manso é aquele que não luta para defender sua própria honra. Aquele que já está no chão não tem medo da queda.
Ilustração: uma mulher mandou uma carta ao irmão André fazendo-lhe pesadas acusações. Ele chorou e pediu a Deus graça. Então, sentou e escreveu uma carta: Minha irmã, eu concordo com você. Eu sou muito pior do que você descreveu. Se você me conhecesse como Deus me conhece, certamente você teria sido muito mais forte nas suas acusações.
4. Uma pessoa mansa suporta injúrias
Uma pessoa mansa não é facilmente provocada. Um espírito manso não se inflama facilmente. Davi dá o seu testemunho: “Armam ciladas contra mim os que tramam tirar-me a vida; os que me procuram fazer o mal dizem cousas perniciosas e imaginam engano todo o dia. Mas eu, como surdo, não ouço e, qual mudo, não abro a boca” (Sl 38:12,13).
Há algumas coisas que se opõem à mansidão:
a) Precipitação – Uma pessoa precipitada, que fala antes de pensar, que age antes de refletir, que se destempera facilmente e perde o controle emocional não é uma pessoa mansa. Basílio comparava a ira à embriaguez e Jerônimo dizia que há mais pessoas embriagadas de paixão iracunda do que de vinho. A ira descontrolada suspende o uso da razão. Muitas pessoas são frias na expressão da sua fé, mas vivem em estado de ebulição quando se trata da ira.
b) Maldade – Uma pessoa mansa não faz o mal, não fala mal nem deseja o mal. A Bíblia diz que aquele que odeia o seu irmão é assassino (1 Jo 3:15) e quem o chamar de tolo está sujeito ao fogo do inferno (Mt 5:22).
c) Vingança – A Bíblia proíbe a vingança: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor”. A vingança é uma usurpação de uma ação exclusiva de Deus.
d) Falar mal – A Bíblia nos ordena a não falar mal uns dos outros. O pecado que mais Deus odeia é da língua que semeia contenda entre os irmãos. Tiago 3 diz a língua tem o poder de dirigir (freio e leme), o poder de destruir (fogo e veneno). Muitas pessoas não tiram a vida do próximo, mas destroem sua reputação com a língua. A língua torna-se um mundo de iniquidade, indomável e incoerente.
5. Uma pessoa mansa perdoa as injúrias
Jesus disse: “E, quando estiverdes orando, se tendes alguma cousa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas” (Mc 11:25). Não adianta orar sem perdoar. Nós lembramos mais as injúrias do que as benevolências.
Ilustração: Certa mulher foi visitada pelo seu pastor no leito da morte: “Você está pronta a perdoar o seu inimigo? Ela respondeu: Eu não vou perdoá-lo, ainda sabendo que por isso, estou indo para o inferno.”
Jesus é o nosso modelo de homem manso. “Pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entrega-se àquele que julga retamente” (1 Pe 2:23).
Como deve ser o perdão?
a) Real – Deus não mostra o seu perdão para nós e guarda o nosso pecado para si. Ele apaga os nossos pecados como a névoa e os lança no mar e deles nunca mais se lembra. Deus perdoa e esquece. Deus perdoa e não cobra mais. Deus perdoa e nunca mais lança o nosso pecado em nosso rosto. É assim que devemos perdoar, como Deus perdoa, de todo o coração.
b) Pleno – Deus perdoa todos os nossos pecados. “Ele perdoa todas as nossas iniquidades” (Sl 103:3). Se você é manso, você perdoa todas as injúrias. Uma pessoa que não é mansa, perdoa algumas ofensas, mas retém outras. Isso é apenas um meio perdão, isso não é completo perdão. Se Deus fizesse isso com você, como você estaria agora?
c) Constante – A Bíblia diz que Deus é rico em perdoar (Is 55:7). Até quantas vezes devemos perdoar? Até sete vezes? Não, até setenta vezes sete. Não há cristianismo sem perdão. Se você não perdoa você não pode adorar, ofertar, orar, ser perdoado. Se você não perdoa você não tem paz, fica doente, dominado, atormentado. Se você não perdoa o seu irmão, não é apenas a ele que você está ferindo, mas está ferindo também a Deus. Quem vive sem mansidão, morre sem misericórdia.
6. Uma pessoa mansa recompensa o mal com o bem
Amar os inimigos, fazer o bem a eles e orar por eles é a marca de uma pessoa mansa (Mt 5:44). A Bíblia diz que se o nosso inimigo tiver fome, demos dar ele de comer (Rm 12:20). O apóstolo Pedro diz: “não pagando mal por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, pois para isto mesmo fostes chamados, a fim de receberdes bênção por herança” (1 Pe 3:9).
Pagar o mal com o mal é agir como um selvagem. Pagar o bem com o mal é agir como um demônio. Mas pagar o mal com o bem é agir como um cristão, como uma pessoa mansa.
Davi dá o seu testemunho: “Pagam-me o mal pelo bem, o que é desolação para a minha alma. Quanto a mim, porém, estando eles enfermos, as minhas vestes eram pano de saco; eu afligia a minha alma com jejum e em oração me reclinava sobre o peito” (Sl 35:12-13).
III. RAZÕES PARA SERMOS MANSOS 

1. Nós devemos ser mansos porque Jesus, o nosso supremo modelo foi manso
Jesus é o homem perfeito. E ele foi manso e humilde de coração. Quando ele era ultrajado, não revidava com ultraje. As palavras de seus inimigos foram mais amargas do que o fel que lhe deram na cruz, mas as palavras de Cristo foram mais doces do que o mel, foram palavras de perdão e salvação.
Ele orou e chorou pelos seus inimigos. Ele perdoou os seus inimigos e nos convida: “Aprendei de mim, porque sou manso” (Mt 11:29).
Cristo não nos exorta a aprender com ele a fazer milagres, a abrir os olhos aos cegos, a levantar os mortos, mas ele nos exorta a aprendermos com ele a sermos mansos. Se nós não imitarmos sua vida, não seremos salvos pela sua morte.
2. Nós devemos ser mansos porque os servos de Deus do passado também foram mansos
a) Abraão – Abraão abriu mão dos seus direitos e deu a Ló a oportunidade de escolher primeiro. Uma pessoa mansa abre mão, não briga pelos seus próprios direitos.
b) Moisés – Números 12:3 diz que Moisés foi o homem mais manso da terra. Quantas injúrias ele sofreu! Quando o povo de Israel murmurava contra ele, em vez de se irar contra o povo, ele caia de joelhos em oração pelo povo (Ex 15:24,25). As águas de mara não foram tão amargas como o espírito do povo, mas Moisés reage não com amargura, mas com oração.
c) Davi – Saul perseguia loucamente a Davi, e este, algumas vezes, teve a vida de Saul em suas mãos, mas ele não se vingou (1 Sm 26:7,12,23). Simei amaldiçoou Davi e este não permitiu que sua vida fosse tirada (2 Sm 16:11). Um homem manso não defende sua própria causa, sua própria reputação.
3. A mansidão é o caminho para derreter e conquistar o coração dos próprios inimigos
A palavra dura suscita a ira, mas a resposta branda (mansa), desvia o furor (Pv 15:1).
A brandura de Davi com Saul, derreteu seu coração mais do que a bravura de Davi (1 Sm 24:16,17).
A mansidão é como ajuntar brasas vivas na cabeça do seu inimigo. A ira faz um amigo tornar-se inimigo, mas a mansidão, faz um inimigo tornar-se amigo.
IV. QUAL É O RESULTADO DA MANSIDÃO? 

1. Uma profunda e gloriosa felicidade
Jesus diz que os mansos são felizes, bem-aventurados. A palavra Macarios era usada pelos gregos para descrever a felicidade dos deuses. É uma felicidade plena, completa, independente das circunstâncias, baseada num relacionamento íntimo e permanente com o Deus vivo.
2. A herança da terra no tempo
Mesmo sendo estrangeiro na terra (Hb 11:37), os mansos são aqueles que herdam a terra. Eles comem o melhor dessa terra. O ímpio tem a posse temporal da terra, mas o manso usufrue as benesses da terra.
Nesse sentido, os mansos já são herdeiros da terra, na vida presente. Ele é uma pessoa satisfeita. Sente-se contente. Ele nada tem, mas possui tudo. Paulo diz: “entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo” (2 Co 6:10). Paulo diz: “Eu aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Eu tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4:11-13).
O manso é cidadão do céu. O manso é filho de Deus. O manso é herdeiro de Deus e co-herdeiro com Cristo. Do Senhor é a terra e a sua plenitude. Tudo que pertence ao Pai, pertence ao filho (1 Co 3:21-23). Os mansos são os verdadeiros herdeiros de tudo o que é do Pai. Receberemos a herança original de domínio sobre a terra que Deus deu a Adão. É a reconquista do paraíso.
Eles conquistam a terra não pelas armas, não pela força, mas por herança. O manso herda as bênçãos da terra. O ímpio pode ter abundância de dinheiro, mas o manso tem abundância de paz (Sl 37:11). O ímpio não tem o que parece ter. Ele tem propriedades, terras, mas não pode levar nada, não herda nada. Mas o manso, mesmo desprovido agora, tem a herança, a posse eterna de tudo o que é do Pai.
3. A herança da nova terra e do novo céu na eternidade
O manso desfrutará da terra restaurada, redimida do seu cativeiro. Ele habitará no novo céu e na nova terra (Ap 21:2-3). Ele reinará com Cristo sobre a terra.
O manso não apenas herda a terra, mas também o céu. O manso tem a terra apenas como a sua casa de inverno, mas tem no céu uma mansão permanente, eterna, casa feita não por mãos, eterna no céu.

Rev. Hernandes Dias Lopes

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Por ocasião dos 495 anos da Reforma Protestante


Muitas referências atuais à Reforma do Século 16 distorcem o que realmente ocorreu naquela ocasião. Os livros de história contemporâneos, por exemplo, introjetam anacronicamente uma linguagem marxista ultrapassada para descrever os acontecimentos da época. Para esses autores, o que houve foi uma luta econômica da burguesia contra os senhores feudais. O trabalho de Calvino é apresentado como sendo uma valorização sócio-econômica de alguns, que seriam definidos como "os predestinados". Para outros, a revolta de Lutero foi uma questão meramente pessoal, contra os líderes da época; ou, no máximo, uma cruzada contra a corrupção.

Não podemos compreender a Reforma assimilando esse revisionismo histórico. A ação de Lutero foi uma revolta contra uma estrutura errada e uma doutrina errada de uma igreja que distorcia a Salvação. Não foi um movimento sociológico, apesar de ter tido consequências sociológicas. Lutero não pretendia ensinar a salvação do homem pela reforma da sociedade, mas compreendia que a sociedade era reformada pelas ações do homem resgatado por Deus. Na realidade, a Reforma do Século XVI foi um grande reavivamento espiritual, operado por Deus, que começou com a experiência pessoal de conversão de Lutero.

Nunca é demais frisar que Lutero não formulou novas doutrinas, ou novas verdades, mas apenas redescobriu a Bíblia em sua pureza e singularidade. As 95 Teses, pregadas na porta da catedral de Wittenberg, em 31.10.1517, representam coragem, desprendimento e uma preocupação legítima com o estado decadente da igreja e com a procura dos verdadeiros ensinamentos da Palavra. É, portanto, um erro acharmos que a Reforma marca a aparição de várias doutrinas nunca dantes formuladas. A Palavra de Deus, cujas doutrinas estavam soterradas sob o entulho da tradição, é que foi resgatada.


Uma das características comuns das seitas é a apresentação de supostas verdades que nunca haviam sido compreendidas, até a aparição ou revelação destas a algum líder. Estas “verdades” passam a ser determinantes da interpretação das demais e ponto central dos ensinamentos empreendidos. A Reforma coloca-se em completa oposição a esta característica. Nenhum dos reformadores declarou ter “descoberto” qualquer verdade oculta, mas tão somente apresentou em toda singeleza os ensinamentos das Escrituras. Seus comentários e controvérsias versaram sempre sobre a clara exposição da Palavra de Deus, abstraindo dela os ensinamentos meramente humanos.



O grande escritor Martin Lloyd-Jones nos indica “que a maior lição que a Reforma Protestante tem a nos ensinar é justamente que o segredo do sucesso, na esfera da Igreja e das coisas do Espírito é olhar para trás” (Rememorando a Reforma, p. 8). Lutero e Calvino, diz ele no mesmo local, “foram descobrindo que estiveram redescobrindo o que Agostinho já tinha descoberto e que eles tinham esquecido”.

Assim, as mensagens proclamadas pela Reforma continuam sendo pertinentes aos nossos dias. Da mesma forma como a Palavra de Deus sempre é atual e representa a Sua vontade ao homem, em todas as ocasiões, a Reforma do Século 16, com a doutrina proclamada extraída e baseada nesta Palavra, transborda em atualidade à cena contemporânea da igreja evangélica, quando nela ocorrem tantas distorções e tantos ensinamentos meramente humanos. Celebremos os feitos de Deus na história e, neste 31 de outubro, vamos dar graças a ele por ter levantado homens valorosos que não tiveram receio de se colocar ao lado da Sua Palavra.


Solano Portela

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

"Todo ser que respira louve ao Senhor." (6)

Por que eu creio na Bíblia?


Eu creio na Bíblia porque ela é totalmente fiel e confiável quanto à sua origem, conteúdo e propósito. Ela vem de Deus, revela Deus e chama o homem de volta para Deus. O homem não é o centro da Bíblia; Deus é. A Bíblia é o livro dos livros. Concebida no céu, nascida na terra; inspirada pelo Espírito de Deus, escrita por homens santos de Deus; proclamada pela igreja, crida pelos eleitos e perseguida pelo mundo. A Bíblia é o livro mais lido no mundo, mais amado no mundo e o mais perseguido no mundo. Destaco três verdades axiais sobre a Bíblia:
Em primeiro lugar, quanto à sua origem, afirmamos categoricamente que a Bíblia procede de Deus. A Bíblia não foi concebida no coração do homem, mas no coração de Deus. Não procede da terra, mas do céu. Não é produto da lucubração humana, mas da revelação divina. Muito embora homens santos foram chamados para escrever a Bíblia, e nesse processo Deus não anulou a personalidade deles nem desprezou o conhecimento deles, o conteúdo da Escritura é inerrante. O próprio Deus revelou seu conteúdo e assistiu os escritores para que registrassem com fidelidade seu conteúdo. A Bíblia não é palavra de homens, mas a Palavra de Deus. É digna de inteira confiança, pois é inerrante quanto a seu conteúdo, infalível quanto às suas profecias e suficiente quanto a seu conteúdo.

Em segundo lugar, quanto ao seu conteúdo, afirmamos confiadamente que a Bíblia fala sobre Deus e sua oferta de salvação. Só conhecemos a Deus porque ele se revelou. Revelou-se de forma geral na obra da criação e de forma especial em sua Palavra. É verdade que os céus proclamam a glória de Deus e toda a terra está cheia de sua bondade. É verdade que podemos encontrar as digitais do criador em todo o vasto universo. Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de suas mãos. Porém, conhecemos acerca de seu plano redentor através das Escrituras. A salvação é um plano eterno de Deus. Mesmo nos refolhos da eternidade, o Pai, o Filho e o Espírito, o Deus Triúno, planejou nossa salvação. Nesse plano, o Pai escolhe para si um povo e envia o Filho ao mundo para redimi-lo. Jesus faz-se carne. Veste pele humana, vive entre os homens, cumpre cabalmente a lei, satisfaz a justiça divina e como nosso representante e substituto leva sobre si nossos pecados sobre a cruz e morre vicariamente, pagando nossa dívida e adquirindo para nós eterna redenção. Completando a obra da salvação, o Espírito Santo aplica, de forma eficaz, a obra de Cristo no coração dos eleitos, de tal forma que aqueles que Deus predestina, também os chama e aqueles a quem chama, também os justifica e aos que justifica, também os glorifica. É impossível, portanto, que aqueles que foram eleitos por Deus Pai, remidos pelo Deus Filho e regenerados e selados pelo Espírito Santo pereçam eternamente. O mesmo Deus que começou a boa obra em nós, completá-la-á até o dia de Cristo Jesus.

Em terceiro lugar, quanto ao seu propósito, afirmamos indubitavelmente que a Bíblia visa a glória de Deus e a redenção do pecador. A Bíblia não é um livro antropocêntrico; é teocêntrico. Seu eixo central não é o homem, mas Deus. Seu propósito não é exaltar o homem, mas promover a glória de Deus. Não é mostrar quão grande o homem é, mas quão gracioso é Deus. A história da redenção é a mais bela história do mundo. Fala de como Deus nos amou, estando nós mortos em nossos delitos e pecados. Fala de como Deus nos resgatou estando nós prisioneiros no cativeiro do pecado. Fala de como Deus nos libertou estando nós no império das trevas, na casa do valente, dominados pelo príncipe da potestade do ar. Nossa redenção tem como propósito maior a manifestação da glória de Deus e o nosso prazer nele. Concluo, portanto, com a conhecida afirmação de John Pipper: “Deus é tanto mais glorificado em nós, quanto mais nós nos deleitamos nele”.

Rev. Hernandes Dias Lopes



quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Missões, um investimento de consequências eternas


Jesus, o Filho de Deus, deixou a glória que tinha com o Pai, no céu, e veio ao mundo, encarnou-se e habitou entre nós. Veio como nosso representante e substituto. Veio para morrer em nosso lugar. Seu nascimento foi um milagre, sua vida foi um exemplo, sua morte foi um sacrifício vicário, sua ressurreição uma vitória retumbante. Jesus concluiu sua obra redentora e comissionou sua igreja a ir por todo o mundo, proclamando o evangelho a toda a criatura. Por essa razão, a obra missionária merece nossos melhores investimentos. Destacamos, aqui, dois investimentos que devemos fazer na obra missionária:

Em primeiro lugar, o investimento de recursos financeiros. A Bíblia diz que aquele que ganha almas é sábio (Pv 11.30). Investir na obra missionária é fazer um investimento para a eternidade; é fazer um investimento de consequências eternas. Nada trouxemos para este mundo nem nada dele levaremos. Os recursos que Deus nos dá não são apenas para o nosso deleite. Devemos empregar, também, esses recursos para promover o reino de Deus, levando o evangelho até aos confins da terra. A contribuição cristã não é um peso, mas um privilégio; não é um fardo, mas uma graça. Deus nos dá a honra de sermos cooperadores com ele na implantação do seu reino. Não fazemos um favor para Deus contribuindo com sua obra; é Deus quem nos dá o favor imerecido de sermos seus parceiros. Estou convencido, portanto, de que a melhor dieta para uma igreja é a dieta missionária. Quando Oswald Smith chegou à Igreja do Povo, em Toronto, com vistas a assumir o pastorado daquela igreja, fez uma série de conferências de uma semana. Nos três primeiros dias pregou sobre missões. A liderança da igreja reuniu-se e disse ao pastor que a igreja estava com muitas dívidas e que aquele não era o momento oportuno de falar sobre missões. Smith continuou nessa mesma toada e no final da semana fez um grande levantamento de recursos para missões. O resultado é que aquela igreja, por longas décadas, jamais enfrentou crise financeira. Até hoje, ela investe mais de cinquenta por cento de seu orçamento em missões mundiais.

Em segundo lugar, investimento de vida. A obra de Deus não é feita apenas com recursos financeiros, mas, sobretudo, com recursos humanos. Fazemos missões com as mãos dos que contribuem, com os joelhos dos que oram e com os pés dos que saem para levar as boas novas de salvação. Tanto os que ficam como os que vão são importantes nesse processo de proclamar o evangelho de Cristo às nações. Os missionários que vão aos campos e as igrejas enviadoras precisam estar aliançados. William Carey, o pai das missões modernas, disse que aqueles que seguram as cordas são tão importantes como aqueles que descem às profundezas para socorrer os aflitos. Os que guardam a bagagem e os que lutam no campo aberto recebem os mesmos despojos. Devemos fazer missões aqui, ali e além fronteiras concomitantemente. Devemos empregar o melhor dos nossos recursos, o melhor do nosso tempo e da nossa vida para que povos conheçam a Cristo e se alegrem em sua salvação. Alexandre Duff, missionário presbiteriano na Índia, retornou à Escócia, seu país de origem, depois de longos anos de trabalho. Seu propósito era desafiar os jovens presbiterianos a continuarem a obra missionária na Índia. Esse velho missionário, numa grande assembleia de jovens, desafiou-os a se levantarem para essa mais urgente tarefa. Nenhum jovem atendeu seu apelo. Sua tristeza foi tamanha, que ele desmaiou no púlpito. Os médicos levaram-no para uma sala anexa e massagearam-lhe o peito. Ao retornar à consciência, rogou-lhes que o levassem de volta ao púlpito, para concluir seu apelo. Eles disseram: “O senhor não pode”. Ele foi peremptório: “Eu preciso”. Dirigiu-se, então, aos moços nesses termos: “Jovens presbiterianos, se a rainha da Escócia vos convidasse para ir a qualquer lugar do mundo como embaixadores, iríeis com orgulho. O Rei dos reis vos convoca para ir à Índia e não quereis ir. Pois, irei eu, já velho e cansado. Não poderei fazer muita coisa, mas pelo menos morrerei às margens do Ganges e aquele povo saberá que alguém o amou e se dispôs a levar-lhe o evangelho”. Nesse instante, dezenas de jovens se levantaram e se colocaram nas mãos de Deus para a obra missionária!

Rev. Hernandes Dias Lopes

Família no Altar